e de novo no espaço
a beira do abismo
novamente as imagens
interagindo-se nas alucinações
transgredindo o limiar
entre o pesadelo e a vigília_ dois momentos
em um só ou um só momento multifacetado
imagens reais se pulverizando em miragens
e supostas miragens
concretizando-se
criando vida em nossa frente
podemos apalpá-las
senti-las roçando nosso corpo
e, num átimo
diluem-se em devaneios
e gargalhamos nessa brincadeira
que nos envolve e nos delicia
os gestos nos fogem
não conseguimos percebê-los
em nosso cérebro vagam
e nele nos inserimos
como se estivéssemos fora dele
navegando em pensamentos que não são nossos
cuja (con)sequência não atinamos
e nem queremos auscultar.
se por ventura pudéssemos optar
entre a continuidade desse êxtase
ou a volta (ao mundo matéria-matéria
pensamento-pensamento)
a opção seria óbvia
intrigantemente esse pensamento
que se incrustou agora em nossa mente
clandestinamente e sem alarde
começa a ganhar corpo
e numa artimanha de nossa consciência
o espaço infinito que tínhamos
vai-se estreitando, comprimindo-se
uma dor lancinante
oriunda dos recônditos de nossa mente-espaço
que se fecha
tenta nos expelir para fora de seus domínios
e o que avidamente desejávamos
torna-se horripilante e insuportável
o retorno se faz cada vez mais difícil
ansiedade e medo fazem das imagens
dantes coloridas
metamorfosearem-se em dantescas alucinações
o retorno não é uma benção, é maldição
contra tal aniquilamento tentamos em vão lutar
mas ao fazê-lo compactuamos involuntariamente
na agilização entrópica desse processo
contra o qual lutamos
a queda luciferina já está consumada
o paraíso perdido terá que ser reconstruído
(o mundo matéria-pensamento, pensamento-matéria).
Haverá algo mais que um corpo pensante? Ou como diria A. Caero: "O mistério é ter alguém pensando no mistério". Resta-nos os devaneios, a poesia, a metafísica como rota de fuga desse mundo tão repressor.
ResponderExcluir