Defender
a democracia vai além de suas ideias de governo ou Estado; vai além
até de suas convicções políticas, ou de suas preferências
eleitorais. O que está em jogo, hoje, no Brasil, é desmascaramento
de toda tentativa de golpe da casa-grande contra a senzala; da elite
(livres de impostos e dona do poder) contra o povo.
Vamos
ponderar: na verdade a tentativa de obstrução da lava-jato, causa
da queda dos ministros do governo golpista, não passa de um segundo
plano, quase uma desculpa para a mídia se achar indignada com os
desacertos de Temer (e, lógico, com o vazamento recente do conluio
golpista).
O
golpe, já orquestrado no mensalão e frustrado pelas urnas em 2006 e
pela popularidade inconteste de Lula em 2010, é o que foi parido
agora, gestado pela casa-grande (tupiniquim e de fora), em anos de um
duro parto. Se para chegar ao poder Lula teve que ceder aos
conglomerados financeiros e empresariais, fato sabido por todo mundo, no poder, mesmo assumindo esse conluio, fez os avanços sociais possíveis que (se pífio para parte das esquerdas), tirou o país do mapa da fome e
colocou o Brasil no cenário internacional.
Os
retrocessos propostos pelo governo ilegítimo, não é nada mais nada
menos que a volta ao lugar _ para os golpistas
midiático-jurídico-parlamentar_ do qual nunca deveríamos ter
saído. (Impossível seria que tal "tramóia" tivesse êxito
com a popularidade presidencial às alturas e um Congresso capaz de
uma mínima resistência). Com a volta de Dilma, cujo cenário cada
dia mais se vislumbra, será preciso repensar o país e conclamar a
nação para a luta sem tréguas contra a rapinagem do capital.
Recolocar-se no poder sem enfrentar essa batalha, será, de novo, uma
vitória inglória e historicamente nula. Uma vitória de Pirro e
hoje, sem sentido algum! O pacto tem que ser com o povo, mesmo
correndo o risco de perdemos nas urnas!
Qual
está sendo o papel da mídia, então?
Se
dependesse da direita, seus pensadores e formadores de opinião, não
haveria nem a Revolução Francesa, uma revolução burguesa contra o
Antigo Regime, nem o abolicionismo no Brasil. Eles sempre estiveram a
reboque dos acontecimentos. Hoje, Globo, Estadão e outros só mudam
de lado quando não existem mais o que defender no outro lado. Foi
assim em 1964, quando essa mesma mídia chamou o golpe militar de
revolução democrática e só mudou de postura quando a censura dos
golpistas se virou contra ela (a Globo, então, só reconheceu seu
erro, ou seja, só mudou de postura com o retorno da democracia). Num
arrependimento falso e tardio.
Agora,
o golpe branco em curso, não é apenas golpe por que Dilma não
cometeu crime algum, mas também e principalmente, se dá pelo fato dos
donos do poder não aceitarem avanços democráticos e sociais, nem a
ascensão da esquerda no Brasil . A grande mídia vassala não
deixará as barricadas do atraso, antes que tais barricadas deixem de
existir. Combater ideias progressistas, antes que elas virem senso
comum, é o papel da burguesia ao longo da História.
Só nesse sentido se pode compreender
posicionamentos, como o do jornalista do Estadão, que critica os
historiadores por se colocarem contra o golpe, revelando o que está
por trás de toda crítica da direita midiática.
A direita só faz história "a
posteriori", ou seja, só a justifica, ou se justifica,
denegrindo-a com dados que se contrapõe a civilidade, ou ao avanço
civilizatório da história. Quantos jovens, hoje, veem Che Guevara
como assassino, _lendo nas cartilhas de seus pais _ por que nunca
leram ou souberam o que foi a guerra fria e as revoluções
contemporâneas? A grande mídia,
representante da elite e de seu conservadorismo, sempre combaterá os
avanços da sociedade na História.
Ou seja, tentarão anular a resistência do
povo o máximo possível, até que suas rédeas, por demais
esticadas, se rompam de vez.
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