terça-feira, 28 de junho de 2016

O papel da imprensa hoje e a História


Defender a democracia vai além de suas ideias de governo ou Estado; vai além até de suas convicções políticas, ou de suas preferências eleitorais. O que está em jogo, hoje, no Brasil, é desmascaramento de toda tentativa de golpe da casa-grande contra a senzala; da elite (livres de impostos e dona do poder) contra o povo.
Vamos ponderar: na verdade a tentativa de obstrução da lava-jato, causa da queda dos ministros do governo golpista, não passa de um segundo plano, quase uma desculpa para a mídia se achar indignada com os desacertos de Temer (e, lógico, com o vazamento recente do conluio golpista).
O golpe, já orquestrado no mensalão e frustrado pelas urnas em 2006 e pela popularidade inconteste de Lula em 2010, é o que foi parido agora, gestado pela casa-grande (tupiniquim e de fora), em anos de um duro parto. Se para chegar ao poder Lula teve que ceder aos conglomerados financeiros e empresariais, fato sabido por todo mundo, no poder, mesmo assumindo esse conluio, fez os avanços sociais possíveis que (se pífio para parte das esquerdas), tirou o país do mapa da fome e colocou o Brasil no cenário internacional.
Os retrocessos propostos pelo governo ilegítimo, não é nada mais nada menos que a volta ao lugar _ para os golpistas midiático-jurídico-parlamentar_ do qual nunca deveríamos ter saído. (Impossível seria que tal "tramóia" tivesse êxito com a popularidade presidencial às alturas e um Congresso capaz de uma mínima resistência). Com a volta de Dilma, cujo cenário cada dia mais se vislumbra, será preciso repensar o país e conclamar a nação para a luta sem tréguas contra a rapinagem do capital. Recolocar-se no poder sem enfrentar essa batalha, será, de novo, uma vitória inglória e historicamente nula. Uma vitória de Pirro e hoje, sem sentido algum! O pacto tem que ser com o povo, mesmo correndo o risco de perdemos nas urnas!
Qual está sendo o papel da mídia, então? 
Se dependesse da direita, seus pensadores e formadores de opinião, não haveria nem a Revolução Francesa, uma revolução burguesa contra o Antigo Regime, nem o abolicionismo no Brasil. Eles sempre estiveram a reboque dos acontecimentos. Hoje, Globo, Estadão e outros só mudam de lado quando não existem mais o que defender no outro lado. Foi assim em 1964, quando essa mesma mídia chamou o golpe militar de revolução democrática e só mudou de postura quando a censura dos golpistas se virou contra ela (a Globo, então, só reconheceu seu erro, ou seja, só mudou de postura com o retorno da democracia). Num arrependimento falso e tardio.
Agora, o golpe branco em curso, não é apenas golpe por que Dilma não cometeu crime algum, mas também e principalmente, se dá pelo fato dos donos do poder não aceitarem avanços democráticos e sociais, nem a ascensão da esquerda no Brasil . A grande mídia vassala não deixará as barricadas do atraso, antes que tais barricadas deixem de existir. Combater ideias progressistas, antes que elas virem senso comum, é o papel da burguesia ao longo da História.
Só nesse sentido se pode compreender posicionamentos, como o do jornalista do Estadão, que critica os historiadores por se colocarem contra o golpe, revelando o que está por trás de toda crítica da direita midiática.
A direita só faz história "a posteriori", ou seja, só a justifica, ou se justifica, denegrindo-a com dados que se contrapõe a civilidade, ou ao avanço civilizatório da história. Quantos jovens, hoje, veem Che Guevara como assassino, _lendo nas cartilhas de seus pais _ por que nunca leram ou souberam o que foi a guerra fria e as revoluções contemporâneas? A grande mídia, representante da elite e de seu conservadorismo, sempre combaterá os avanços da sociedade na História.
Ou seja, tentarão anular a resistência do povo o máximo possível, até que suas rédeas, por demais esticadas, se rompam de vez.








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