sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

SOBRE O ÓCIO



Segundo a Bíblia__ dita sagrada __ no Livro dos Reis, o rei Davi, por estar ocioso há vários dias em seu Palacete, possuiu a mulher de um general enquanto este se encontrava na frente da batalha e o manteve na guerra todas as outras vezes seguidas.
Segundo o Livro dos Upanixades, também sagrado, foi por viver em ócio que o deus Brama criou a mulher; teve com ela outra filha com quem gerou filhos que foram os semideuses que povoaram a Terra no início do mundo. Haja ócio!
Ambas as bíblias nos ensinam que o ócio é um vicio pecaminoso.
Independente da opinião ociosa dos deuses (Javé trabalhou seis dias, folgou no sétimo, aposentou-se e incumbiu o homem __ um único casal__ de povoar a Terra), o ócio é o pai da criatividade e dos avanços científicos, o que comprovam milhares de exemplos históricos. Mas para não interromper muito o meu ócio citarei só alguns: Isaac Newton estava esplendidamente descansando em baixo de uma macieira, quando a queda acidental do fruto deu-lhe a teoria da gravidade; Einstein, seu sucessor na Física, se trancava em seu quarto para poder pensar e numa dessas ociosidades descobriu o Princípio da Relatividade.
Enfim, acredito que todos os filósofos e pensadores, desde Sócrates (que teve preguiça até para escrever os seus pensamentos e se não fosse por seu discípulo Platão, ninguém saberia que ele, por pura letargia, deixou-se morrer por cicuta) até nossos dias, têm na ociosidade sua mais frutífera companheira. E como escreveu Gabriel Garcia Marques: “Não se esforces tanto; as melhores coisas acontecem quando menos se espera”.
Difícil é suportá-lo por todo dia. De fato é uma tarefa árdua!
   Cônscio de me faltar a sabedoria dos hindus e de não possuir a fertilidade pródiga  dos judeus, curto meu ócio, amadoristicamente, escrevendo.

4 comentários:

  1. A ociosidade, para uns, é o paraíso para outros é considerada tão nefasta que chega a causar depressão. Obrigada pela visita, quanto ao número é 111 e não ll, mas como vc diz, puro acaso. Bom final de semana.

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  2. Olá, José.

    Confesso que vim aqui, apenas com o intuito de retribuir tua visita ao meu blog e agradecer tuas palavras simpáticas, mas, eis que me deparo com a tua escrita e, aquilo que eu pensava ser uma visita rápida, se transformou numa inesperada e deliciosa viagem. Melk, é realmente um adorável conto, com um final desconcertante e inesperado.
    Sempre que puder voltarei, com agrado, para te ler.

    Abraço fraterno

    Runa

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  3. O ócio trouxe-nos umas duas cervejas numa padaria uma vez, lembra?
    Como sempre seus textos inspiram, sinceramente.

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  4. O ócio é também o assunto salvador dos cronistas desesperados e desinspirados. Não estou falando do sr. é claro, que parece transbordar criatividade e sabedoria. Gostei muito do texto.

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