sábado, 3 de março de 2012

No dia 10/03/12, próximo sábado, na Praia de Botafogo, será o lançamento de meu livro de contos "Alfa&ômega", no Zuzu Gorró, rua Prof. Alvaro Rodrigues, Loja 35 (Em frente ao nº 15 - Posto BR). Envio aqui a apresentação do livro, conto com todos:

APRESENTAÇÃO


Uma pitada de amor, humor e loucura!


Eugenio Montale, mestre da poesia italiana, em um dos belos poemas constantes do livro Diário Póstumo, decreta: “se vuoi la mia opinione/ l’única via d’uscita / è l’illusione / perché ogni giorno la vita / supera il limite Che pone (se queres minha opinião / a única via de saída é a ilusão / porque a cada dia / a vida supera os limites que impõe)”.
O autor José Araújo, com as pequenas novelas de ALFA & OMEGA, nos obriga recorrer ao poeta, pois em cada uma das narrativas constantes desse livro, demostra como a vida supera os limites aparentes postos, com seu conteúdo mutante de surpresas.
O amor e a loucura estão presentes neste livro. O autor narra em o “Crápula” a estória de um amor proibido, que a exemplo de clássicas estórias já escritas por mestres da literatura universal, somente poderia acabar em tragédia. A estória de Pedro Benotti e Soraya certamente surpreenderá o leitor, senão pelos absurdos caminhos percorridos pela torpeza humana, pelo desfecho inusitado, cortante, que se aproxima do desfecho de um filme de suspense, dando ao conto um viés quase cinematográfico.
Na novela “O Energúmeno” confluem a vida, a crendice e a loucura. O autor remete o leitor ao período escravocrata, e consegue extrair, com a habilidade de um bom contador de histórias, da aparentemente previsível e curta relação entre um escravo – Quinzinho – e a frágil e doentia filha do senhor de engenho João Manoel Felício – Carolina -, um drama surpreendente, capaz de impactar a pacata Vila, que depois tornar-se-ia Mogi das Cruzes.
Ao desenvolver o enredo, José Araújo serve-se de acurada percepção, das características da época. Emergem claros, no texto, o preconceito, a arrogância, a intolerância, a pobreza e a crendice que vicejavam no período, características das quais, é bom que se reconheça, ainda não nos livramos.
Em “Melk”, o autor lança mão de um recurso inventivo. A estória de três camundongos – Melk, Meg e Fred – confundir-se-á com a vida do habitante de um casarão, acabando por culminar em um final assustador. É como se aqueles pequenos seres, de dentro de seu mundo sombrio, infenso à luminosidade, pudessem compreender certas circunstâncias da vida humana, e nelas se envolvessem a ponto de se tornarem o núcleo do próprio desfecho dramático.
Em “Alfa & Ômega” o autor busca na ficção científica (será ficção?) o sentido de um mundo que se desvanece. A clonagem utilizada como o epicentro de um mundo em estado de permanente desagregação, onde tudo “se consumia entre trevas, sem um único som”.
O autor consegue, neste conto, trazer à luz aspectos éticos e filosóficos que estão na ordem do dia. Nela retine implícita a pergunta que se fazem hoje os cientistas, políticos, religiosos, filósofos e outros intelectuais a respeito da extensão ética da clonagem, inclusive da clonagem humana. Haverá limites para a ciência, ou todos os limites são apenas marcos a serem ultrapassados pelo homem, em sua aventura rumo à completa divinização?
 A vida é uma viagem complexa rumo ao desfazimento. A loucura e a razão, como irmãs siamesas, são um componente ineliminável do percurso humano. Erasmo de Rotterdan, em seu “Elogio à Loucura”, já dissera, de forma irrefutável, que a natureza, genitora e produtora do gênero humano, teve o cuidado de deixar um tudo uma pitada de loucura, até para que vida dos homens não fosse triste e enfadonha.
 Uma pitada dessa loucura perpassa todas as estórias desse livro. Nos “Pequenos Contos”, a picardia associa-se a essa louca loucura que se faz vida.  E convenhamos, sem um pouco de ilusão e loucura, que sentido teria essa viagem a que chamamos vida?
                  
EDIVALDO TEIXEIRA
Juiz do Trabalho, poeta, autor de “Das Considerações
                                                                        Inominadas”. Ed. Imprimatur / Sette Letras.

2 comentários:

  1. Sr. José, tenho um exemplar do "Alfa e ômega" cedido pela sua prole: meu amigo Athos Araújo. Muito interessante as narrativas e formidáveis às descrições. No "Energúmeno" vivi o período escravocrata. No "Melk" dei vazão a um desejo que sempre tive: inverter a lógica humano-animal, como no filme "Planeta dos Macacos". Enfim, não tenho nenhuma crítica negativa e só lamento que escritores, músicos e artistas mogianos não tenham espaço nesta cidade estagnada no tempo. Certamente a cultura mogiana "oficial" é uma mentira mal contada e a verdadeira cultura em mogi só existe no universo independente.

    ResponderExcluir
  2. Embora com atraso, agradeço seu comentários e fiquei muito feliz de saber que você leu o livro. Valeu mesmo!

    ResponderExcluir