sábado, 4 de julho de 2015

Eras Tu

(À Ivone, minha esposa, amiga e companheira)

Comigo caminhas há tanto tempo
Que já me acostumei c’a tua presença.
Esqueci-me, então, do gélido vento
Da antes estéril e vazia existência.
Se num começo, que se faz distante,
Não sabia avaliar tamanha dádiva,
Hoje, imensurável e lancinante,
É a paixão que flui em minh’alma que ávida
Se entrega aos teus carinhos; e, no entanto
És tu que a mim se entrega na verdade,
Pois sabes deixar-me com os encantos
de teu amor, enlevado de vaidades.
Tens tanta ternura dissimulada
Em gestos firmes, que tão bem escondes,
Que sou eu e não tu, que só andas se levada;
E sem ti, se ando, é sem saber por onde.
Pois, quem eu, solitário, procurava
E desatento não a percebi chegar,
Eras tu que de fato me amparavas
E assim guiando-me, ensinaste-me a te amar.

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