Faróis
desembocam
na boca
da
noite-metal.
Escorre
nos
paralelepípedos
translucidando
a claridade noturna
o
fétido óleo dos motores
a
luzir
estragados
dentes-dinheiro
tragados
nos bueiros dos shoppings
pinçados
de tuas veias.
Otário
proletário_ julgam
os
intelectuaisputosburgueses_
quando
sorris aos souvenires
que
sugam o teu salário-suor
odor
da cantilena neoliberal.
À
eles
é
fácil mutilar
um
a um os teus sonhos
enquanto
estão a dormir
obscenamente
em berço esplêndido.
À
ti,
cabe
de lá derribá-los
com
o ruído de seus reais pesadelos:
aluguéis
aviltantes
copos
de leite negados
salário-da-morte-mínima
que
se escorrega
devagar
pelas geladeiras vazias
para
o esgoto das ruas quentes de mosquitos.
Vilipendiam-se
na
social-demagogia a tua cidadania
Até
quando
pagarás
sem revolta
o
assolamento das epidemias
na
sorvida melancolia de seus dias?
agosto/97
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